
Dizem-me que o meu risco genético de sofrer, ao longo da vida, uma coisa chamada fibrilhação auricular (FA) é superior à média (20,5 por cento contra 15,9 por cento na população geral). Estima-se que a componente hereditária da FA ronde os 60 por cento, ou seja, os genes pesam mais no risco do que os factores ambientais.
A FA em si não é nada de especial, a não ser que, como qualquer arritmia cardíaca, e sobretudo quando aliada a certos outros factores de risco (hipertensão, diabetes, etc.), faz aumentar o risco de tromboses. E isso é preocupante.
Alguns sintomas de FA: palpitações (costumo ter), falta de energia (quem lhe escapa?) Tudo isto não quer dizer que eu tenha AF, mas dá para pensar.
Uma das maneiras de reduzir o risco vascular é com medicamentos que tornam o sangue mais fluido, para impedir a formação de coágulos potencialmente perigosos quando surge a arritmia.
Um desses medicamentos chama-se warfarina – e um dos grandes problemas com a warfarina consiste em determinar a dose certa para cada pessoa. Se for administrada warfarina a mais haverá riscos de hemorragia interna; se for a menos, o tratamento não reduzirá o risco de AVC.
Ora, precisamente em relação à warfarina, a 23andme também me forneceu, há já uns tempos, informações sobre qual seria a minha reacção a este medicamento se tivesse por acaso de o tomar um dia. Mais uma vez, segundo os meus genes, sou aparentemente mais sensível do que a norma aos efeitos da warfarina – e portanto, as doses deverão ser mais baixas no meu caso.
Pela primeira vez desde que fiz o meu teste genético, sinto a necessidade de falar disto com o meu médico na próxima consulta. Será este o tão apregoado enpowerment em relação à nossa saúde e à prevenção das doenças que nos estão sempre a "vender" como sendo A grande promessa da genómica pessoal? Por enquanto, sinto-me sobretudo um pouco inquieta.