quarta-feira, 15 de abril de 2009

Alergias

Pertenço claramente, do lado do meu pai, a uma família de alérgicos. Felizmente, eu não sofro muito disso (sou alérgica a alguns medicamentos como a penicilina e pouco mais, tanto quanto sei, apesar da ocasional comichão por razões indeterminadas). Mas os homens da minha família contam uma história totalmente diferente. Lembro-me, em criança, de ver as mãos do meu pai com placas de eczema entre os dedos (dermatite atópica) que lhe faziam imensa comichão. Isso acontecia, explicava-nos, porque no seu laboratório (era biólogo) mexia em reagentes que lhe produziam reacções alérgicas da pele. O meu irmão e os seus filhos já tiveram episódios mais graves do mesmo tipo ao longo da sua vida. A mais famosa das suas vítimas terá sido o pintor francês Paul Gauguin.
Esta manhã, tive a confirmação de que essa propensão está mesmo nos nossos genes. O Spittoon, o blogue da 23andme, cita um artigo da Nature Genetics deste mês que sugere que, apesar de ter uma clara componente ambiental, o eczema também é genético. O estudo conclui que 13 por cento dos europeus têm uma “letra” T na posição 75978964 da sequência de ADN de ambos os seus cromossomas 11 (um vindo do pai e o outro da mãe) – e que isso multiplica por 1,46 o seu risco de vir a ter eczema em relação ao resto da população. Fui ver as minhas letras nessa posição e... sou TT. Bingo!
Talvez não seja um risco muito grande – e foi talvez por isso que eu me safei. Mas um outro artigo citado no mesmo post do Spittoon refere que essa mesma configuração genética, na mesma posição 75978964 do mesmo cromossoma 11, também faz aumentar os riscos de contrair a doença de Crohn, uma inflamação auto-imune crónica do intestino. Ora, em relação a esta doença, conforme descobri ao fazer agora o teste genético, os meus riscos são três vezes mais elevados do que a média da população. Parece que as peças do puzzle vão encaixando.

Sem comentários:

Enviar um comentário