segunda-feira, 20 de julho de 2009

Haplogrupo paterno: I

O meu irmão acabou por fazer o teste do cromossoma Y para determinar as características dos nossos antepassados por via patrilinear directa (e fico-lhe muito agradecida por isso). A resposta, dada há uns dias pela GenoMed, em Lisboa, que realizou a análise genética, foi: haplogrupo I (caracterizado por uma mutação designada M170).

Lê-se no site da Genomed

Os primeiros povos pertencentes ao grupo I tiveram origem no sul da Europa, imediatamente antes da última glaciação. Os seus antepassados chegaram à Europa por uma rota migratória desde o Médio Oriente até a região actual dos Balcãs. (...) Durante o período glaciar (20-12 mil anos) estes povos ficaram confinados em refúgios climatéricos, localizados predominantemente nas margens do Mar Morto e nos Balcãs. Mais tarde, com a melhoria das condições climatéricas, (...) foram assim recolonizando e deixando descendência por toda a Europa.

E a seguir:

Actualmente, o grupo I representa cerca de um quinto do fundo genético Europeu. (...) as linhagens I predominam na região da Escandinávia e dos Balcãs. As frequências mais elevadas (cerca de 40%) detectam-se nas populações da Herzegovina, Croácia, Bósnia, Sardanha e Escandinávia.

No fim:

O grupo genético I não está habitualmente associado a ancestralidade judaica.

Esta frase evocou logo para mim uma memorável cena do clássico filme Annie Hall de Woody Allen, em que o protagonista, Alvy Singer, num flashback para a sua infância, comenta: “A minha avó nunca dava presentes. Estava demasiado ocupada a ser violada pelos Cossacos.”

Desculpem os que se sentem chocados por esta piada de mau gosto, politicamente incorrecta, etc., etc. A verdade é que aquilo com que Allen brinca naquela frase corresponde sem dúvida à trágica realidade vivida por muitas famílias judias durante os sangrentos pogroms, na Ucrânia e Polónia, do século XIX e inícios do século XX (e que obrigaram à emigração de tantos judeus para as Américas).

Tanto quanto sei, isso não aconteceu, felizmente, a nenhuma das minhas avós nem bisavós, nem trisavós – mas antes disso, não posso garantir nada.

Os genes da minha família poderão assim estar a confirmar uma história de perseguição e violência.

Imagem: DNA Root Tester

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